Aprendi com o jornalista José Luiz Vieira, amigo saudoso e autor da sensacional enciclopédia ´A história do automóvel/Evolução da mobilidade´, a entender algumas tendências automotivas, como as necessidades de aperfeiçoamentos da aerodinâmica em prol da performance (e não somente da estética), a evolução dos motores e, principalmente, o design dos veículos.
Almoçando certa vez com ele em Bariloche (Argentina), na ocasião de um lançamento automotivo, Zé Luiz discorreu bastante sobre o estilo externo das carrocerias e também sobre a ´inteligência´ no aproveitamento do espaço interno dos automóveis.
Brincou dizendo que “design de carro acontece exatamente do mesmo jeito que a moda das roupas. As novas coleções que surgem em desfiles criam tendências globais de estilo. Do mesmo jeito com os carros: rabos de peixe, inspiração aeronáutica para os painéis, desenhos de rodas, etc… tudo isso gera uma dinâmica comum, que é mais ou menos copiada entre todos os fabricantes…”
Essa foi a referência básica que tive a sorte de aprender com esse titã do jornalismo automotivo. Enfim, comecei a compreender as similaridades, diferenças e peculiaridades de uma marca em relação à outra e passei a acompanhar com mais atenção alguns nomes ligados ao design automotivo.
Thierry Métroz, designer-chefe da DS (marca pertencente à Stellantis), numa recente entrevista declarou que, muito provavelmente, as telas multimídias deverão ser substituídas por soluções menos agressivas visualmente, já que, por mais habilidoso que seja o desenhista de interiores automotivos, é difícil alocar a(s) tela(s) no compartimento frontal de um carro.
Se elas não forem retráteis (como alguns modelos da Audi ou Mercedes-Benz), quando desligadas, tornam-se “obstáculos visuais desagradáveis”, nas palavras do próprio Thierry. Ele diz que ainda não encontrou uma solução para essa questão, mas que está trabalhando duro com a sua equipe, para que possa, inicialmente nos veículos da marca DS, revolucionar e criar uma nova tendência.
Como a tecnologia já evoluiu a ponto de oferecer telas curvas, provavelmente essa mudança não vai demorar. Imagino que painéis em formatos ´orgânicos´ acompanhando arestas, envolvendo e ocultando as saídas do sistema de ar-condicionado, deverão servir como um único painel de instrumentos, imediatamente integrado ao grandioso sistema de funções múltiplas, como por exemplo, GPS, pareamento de celular e ambiente de som.
Só de imaginar uma composição mais elegante para os displays multimídias, percebe-se que Thierry Métroz está certo em relação às telas atuais, de fato, feiosas e quadradonas… (Fotos: Google free royalties / Instagram: @acelerandoporai.com.br)