No final dos anos ´1940 foi criada a ´Organização Internacional da Aviação Civil´ (ICAO). O objetivo dessa instituição continua sendo claro: identificar, se possível, todas as causas de algum acidente aéreo, para que esse trabalho possa colaborar no aumento da segurança e, evidentemente, na prevenção de acidentes que, porventura, possam ocorrer por causas idênticas as do passado. São exatamente 191 países-membros que obedecem à uma única cartilha que fornece os caminhos para se atingir o objetivo. Uma das características é que as equipes de investigação de acidentes aéreos, geralmente possuem membros de diversas nacionalidades, obviamente, fundindo as suas experiências em prol do sucesso da ´missão´.
No Brasil é o ´Cenipa´ (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão pertence à Aeronáutica, que tem a função de investigar os fatos desse tipo em parceria com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). E tudo se interliga, de alguma maneira, e novamente, e sempre… à ICAO. Os primeiros passos numa investigação pós-acidente aeronáutico são focados em encontrar a(s) causa(s) da queda de uma aeronave. E só! Investigações para encontrar culpado(s) são iniciadas pelas polícias federal e civil. A partir daí, imbróglios jurídicos que possam surgir, envolvendo vítimas e seus familiares ou pessoas que possam ter tido prejuízos (no ar ou no solo) em decorrência do acidente, começam a se desenrolar na esfera do Direito Romano, com partes acusando e se defendendo e, quase sempre, chegando a um acordo na Justiça. No caso dos acidentes com veículos terrestres motorizados ou não, até existem intuitos parecidos aos citados acima, ou seja, entender os fatos para que causas idênticas que levem a um acidente, não se repitam. Só que, por mil e uma razões – como falta de treinamento, leniência do serviço público brasileiro, desorganização ou mesmo o caos urbano que exige que veículos recém colididos sejam retirados das vias o mais rapidamente possível para deixar o trânsito fluir, – as coisas não acontecem como deveriam…
Seria bastante proveitoso para o trânsito do Brasil, se mesmo as pequenas ocorrências, como quedas de motos seguidas somente de arranhões ou apenas para-lamas amassados, por exemplo, fossem levadas mais a sério pelos Detrans, com escuta de depoimento simples (pelo celular mesmo) e análise de fotos e imagens de câmeras. Os acidentes aéreos são investigados com excepcional seriedade em qualquer parte do mundo, inclusive no Brasil. O roteiro passa, como já falei, pelas nossas polícias e alcança outros níveis profissionais, com participação de médicos, engenheiros, psicólogos, mecânicos, controladores de tráfego aéreo, jornalistas especializados ou qualquer outra fonte que possa colaborar com o desvendamento de um acidente, para que ele seja, possivelmente, o último daquele tipo. No final do processo, nasce um relatório detalhado que explica tudo (ou quase tudo) com uma exatidão incrível! E isso sempre gera sugestões de melhorias técnicas e humanas para que os voos possam prosseguir mais e mais seguros. Pena que no mundo automotivo ainda não funcione assim. (Imagens: vector free / cortesia Embraer / Instagram: @acelerandoporai.com.br)