Até pouco antes dos anos ´1960, todos os fabricantes automotivos mantinham-se com linhas de produção 100% ´artesanais´ e somente compostas por seres humanos em todos os processos da feitura de um veículo, do princípio ao fim. Evidentemente, já havia um substancial maquinário (sempre operado por pessoas) por trás disso, inclusive bastante evoluído pelo período da 2ª Grande Guerra Mundial (1939-1945). Os primeiros robôs nas linhas de montagem, no entanto, só começaram a aparecer na década de ´60 e, de lá para cá, somente evoluem.
Nesse exato instante, a indústria automotiva tradicional enfrenta um dos seus momentos mais importantes, no sentido de readequar-se a um panorama completamente diferente que envolve toda a evolução (constante) da robótica, uso extensivo da IA (inteligência artificial), utilização perfeita da chamada ´Internet Industrial das Coisas´ (IIoT), etc. Enfim, praticamente todas as operações da indústria automotiva estão atravessando uma metamorfose radical do tipo ´adapte-se ou morra´.
Estão em jogo a eficiência e a melhoria da produtividade, as delicadas relações trabalhistas entre a direção da fábrica e os sindicatos, a inevitável transição energética dos automóveis a combustão para modelos eletrificados e também a hidrogênio e, além disso tudo, surgem questões geopolíticas (como o ´Tarifaço do Trump´, por exemplo) e os desafiadores marcos regulatórios ligados aos novos parâmetros de emissões de gases poluentes.
Uma das reações mais rápidas e inteligentes a esse contexto, partiu do Grupo BMW, conglomerado alemão que congrega as marcas BMW, MINI, Rolls-Royce e BMW Motorrad (motocicletas). Com a implementação da sua fábrica virtual (iFACTORY), a BMW afirma já ter conseguido avanços significativos na otimização dos seus planejamentos globais de produção. Por intermédio dos seus diretores, a empresa diz que alguns processos que antes levavam muitas semanas para atingirem ajustes finais numa linha de produção real, agora podem ser simulados com impressionante precisão dentro da estrutura da sua ´fábrica virtual´ em questão de dois ou três dias. O resultado disso, logicamente, é a impressionante diminuição de custos de produção em até 30%!
Dentre carros novos e outros modelos atualizados, a BMW planeja introduzir 40 novidades no mercado até 2027. No futuro, confirmaremos, mas, muito provavelmente, ela será uma das marcas que menos sofrerá as consequências pesadíssimas desse novo contexto que outras empresas não conseguiram enxergar, como a Nissan e várias marcas dentre as 14 fabricantes do Grupo Stellantis, por exemplo. Ivan Espinosa e Antonio Filosa, CEOs da Nissan e Stellantis, respectivamente, são, na atualidade, os executivos do segmento automotivo que estão com as batatas mais quentes fritando suas mãos. Especialmente contra eles, o tempo está correndo mais rápido.
Não dá para afirmar quem começou essa nova ´revolução industrial´ automotiva, mas, sim, dá para dizer que os chineses, discretamente, já estavam desenvolvendo muitos dos seus processos industriais automotivos de maneira mista, com ajustes em plano real e aperfeiçoamento em moldes digitais. Para eles, os resultados já apareceram ao figurar entre os novos líderes de mercado. A ´velha´ indústria, portanto, agora é que tem que correr atrás dos prejuízos. O jogo mudou. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)