Com altos custos de produção, incidência feroz de impostos e mão de obra cara, o mercado automotivo brasileiro é um dos mais onerosos do mundo. Modelos de porte compacto, cabedal tecnológico mínimo e nível de segurança apenas alinhado com o básico que a legislação nacional exige, custam quase R$ 90.000!
Mas… parece que o consumidor brasileiro não se importa em pagar caro por produtos que ´não valem o quanto pesam´. Apesar do aumento significativo de marcas que têm fábricas aqui e de outros tantos modelos que chegam via importação, o negócio de carros novos ainda é muito rentável no país.
Mesmo os concessionários que pagam polpudos alugueis por pontos comerciais visíveis e bem localizados nas melhores avenidas das capitais, conseguem sobreviver com folga, apesar dos altos impostos em todas as esferas dos seus negócios.
Um novo panorama iniciou-se no mercado, mais ou menos há quatro anos (2021), quando as marcas começaram a disponibilizar novas opções híbridas e 100% elétricas. Notadamente os chineses se sobrepõem nessa acirrada batalha. São representados, principalmente, pelas marcas BYD, GWM e Chery. Especificamente a BYD oferece modelos elétricos com preços competitivos aos de fabricantes tradicionais com carros ainda equipados com motores a combustão.
E a dúvida sempre ressurge em questionamentos de leitores, seguidores e amigos: já vale à pena comprar um carro elétrico ao invés de continuar na escolha conservadora de um modelo alimentado por combustível fóssil ou vegetal? Acho que alguns critérios podem minimizar as dúvidas de alguém, ajudando a definir a escolha da compra do próximo carro:
1º) Um modelo tradicional movido a combustão (gasolina, diesel e etanol), feito por uma marca sólida que tenha fábrica no Brasil, oferece maior liquidez quando na condição de ´carro usado´, ou seja, após alguns anos de uso e já fora da garantia, ele ainda é bem aceito no círculo dos ´seminovos´.
2º) Um carro híbrido plugável (que precisa ter a bateria recarregada na tomada) tem a vantagem de oferecer autonomia mais extensa do que um modelo similar a combustão, entregando praticidade e menor custo no dia a dia. Todo mundo gosta de gastar pouco dinheiro em combustível, um item que se tornou muito caro no Brasil.
3º) Um veículo a combustão oferece maior confiabilidade para o uso em estradas, já que a rapidez no reabastecimento de combustíveis líquidos é um ponto favorável, assim como a oferta de postos (inclusive com GNV disponível) é ampla em todo o território nacional.
4º) Um carro compacto 100% elétrico tem custo de revisões mais em conta e em períodos mais espaçados do que um modelo tradicional. Além disso, o valor por km/rodado chega a ser 6 vezes menor do que o de um carro do mesmo porte a combustão. Isso faz diferença no bolso.
Frigir dos ovos… para quem não está preocupado com a questão do valor de revenda do carro após alguns anos de uso e não se importa de tornar-se “refém” de uma única marca de carros elétricos – que usará do artifício de valorizar o veículo usado como moeda de troca, referenciado pela famosa ´Tabela FIPE´ –, um modelo 100% elétrico pode ser uma opção interessante, principalmente em situações aonde se rodam muitos quilômetros por dia, caso dos motoristas de aplicativos e taxistas.
O contrário disso é a postura conservadora, tradicionalista, com compras de modelos a combustão, fluxo rápido de troca e consciência e aceitação de que os veículos tradicionais no Brasil estão se tornando – gradativa e proporcionalmente – quase tão caros como os elétricos.
Se tudo (entenda “tudo” como impostos, reajustes constantes de preço, nível de acabamento etc.) continuar do jeito que está, ao contrário da Europa Ocidental, EUA e até a China – que passam por uma estabilidade e até declínio de vendas nos elétricos – o Brasil deverá, muito em breve, assistir a um aumento de vendas nesse segmento. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)