Afinal de contas: qual seria o melhor intervalo de tempo para se trocar de carro? Essa é uma daquelas perguntas que abrem muitas variáveis, pois, a questão depende de inúmeros porquês. Motoristas de táxi ou ´carro por aplicativo´, por exemplo, por rodar demais, podem necessitar de uma troca mais rápida, mas, para um ´cidadão comum´ essa conta não vale, já que os brasileiros percorrem, em média, apenas 12.000 km/ano em seus veículos.
Por razões óbvias, em locais com pistas perfeitas (sem buracos e lombadas), a durabilidade de um automóvel é consideravelmente ampliada, pois não há excesso de esforço nas suspensões, torções mais relevantes na estrutura da carroceria e o esforço do motor e do câmbio também são atenuados.
Outro detalhe que diminui a vida útil de um carro é o uso frequente com muitas interrupções no trajeto. O tal ´para e anda´ cotidiano no trânsito congestionado é o pior que pode acontecer a um automóvel. Inclusive, os modelos mais modernos equipados com o mecanismo ´stop & start´ (que desliga e liga o motor constantemente), por um lado, diminuem as emissões de gases tóxicos, mas, por outro, levam a máquina à beira da fadiga por causa do repeteco sem fim. Carros que muito trafegam em estradas – com longos períodos de funcionamento ininterrupto em viagens, logicamente, com temperatura de motor mais baixa por causa da refrigeração do ar que entra pela frente, tendem a durar muito mais, mesmo com altíssimas quilometragens. Os caminhões são ótimos exemplos disso.
Os motivos de uma troca desnecessária de um carro por outro mais novo, podem envolver, inclusive, uma vaidade boba que destaca o melhor conceito de ´status´ que eu conheço: “Status significa você comprar o que não pode, com o dinheiro que não tem, para impressionar a quem você não conhece”. Um ponto a se pensar, não?
Os brasileiros geralmente trocam os seus carros com uma quilometragem média de 50.000 km, ou seja, ainda no início da sua ´vida´ mecânica. Algumas pessoas se incomodam com as mudanças no design ocorridas nas necessárias ´atualizações de meia vida´ que os fabricantes fazem antes de apresentar uma nova geração. Hoje, com a ampliação dos termos de garantia de fábrica, já é comum encontrar nas lojas de veículos usados, muitas opções ainda com dois ou três anos de garantia pela frente.
A meu ver, a questão do tempo de troca está bem ligada a costumes sociais que se tornaram fortes hábitos, muitas vezes plantados pelos próprios fabricantes de veículos, por intermédio de suas agências de propaganda. Logicamente, isso mudou. Muita gente jovem (entre 18 e 30 anos) nem pensa, prioritariamente, em comprar um carro. Eles são simpatizantes às novas possibilidades disponíveis no mercado, como o aluguel, a assinatura e o uso compartilhado. Antes de ter um carro na garagem gerando despesas de manutenção, os jovens preferem viajar e estar com equipamentos tecnológicos atualizados.
Quer seja por vaidade, necessidade profissional ou outro tipo de escolha, a troca de um carro parece, ainda, envolver emoções. Uma enorme parcela dos consumidores faz a mudança sem a menor necessidade, mas o cheirinho de novo seduz, agrada, traz esperança em dias melhores, principalmente nessa melancólica época de Natal, momento aonde as vendas, geralmente, crescem.
(Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)